Um projeto de extensão desenvolvido por professores dos Departamento de Agronomia e Administração da Universidade Estadual de Londrina (UEL) está levando conhecimento e estimulando a criação de morangos no município de Sapopema, na região do Norte Pioneiro.
O município fica a 127 km de Londrina e 314 km de Curitiba, ligado às duas cidades por uma importante artéria rodoviária do Estado: a Rodovia do Cerne (PR 090). A sede de Sapopema fica a 759 metros de altitude, mas certas áreas do município chegam a 1.100 metros, o que é favorável ao cultivo da fruta.
Segundo o professor Juliano Tadeu Vilela de Resende (Departamento de Agronomia/CCA), as atividades começaram em junho, quando foi procurado pelo secretário de Agricultura, Indústria e Comércio de Sapopema, Eraldo Brizola, para desenvolver o cultivo do morango.
O município faz parte de uma região abrangida por ostensiva indústria de celulose, o que restringe as possibilidades dos pequenos produtores próximos e tem causado êxodo rural. “As condições naturais favorecem a cultura de frutas e a consequente fixação das famílias no campo, com renda extra”, afirma Resende.
PROPRIEDADES DE REFERÊNCIA – Junto com o professor Maurício Ursi Ventura (Departamento de Agronomia/CCA), especialista em Agroecologia e coordenador do Programa Paraná Mais Orgânico em Londrina, Juliano Resende promoveu reuniões com o secretário, com profissionais do IDR-Paraná e com produtores rurais de Sapopema, até que decidiram implantar o sistema de propriedades de referência.
Este mês, ajudados por 15 estudantes de graduação e pós-graduação em Agronomia, os professores plantaram 10 mil pés de morango – 5 mil em uma propriedade, em modelo convencional, e 2,5 mil pés em duas outras propriedades, no sistema orgânico. Desta forma, a atividade extensionista se transformou em ensino e plantou, junto com as mudas, as sementes de futuras pesquisas.
Segundo o professor Juliano, a ideia é acompanhar as culturas e promover dias de campo periodicamente, atraindo mais produtores para a iniciativa. Nestas ações, o IDR-Paraná estará presente, com assistência técnica. O professor observa que o modelo de propriedade de referências evita riscos, mas ainda assim a cultura do morango é bastante trabalhosa e exige cuidados.
“Porém, tem grande chance de sucesso, pois além da fruta os produtores podem fazer sucos, sorvetes, bolos, tortas, geleias e outros doces, agregando valor e incrementando a renda familiar”, diz. Aí entra a professora Elaine Maria dos Santos (Departamento de Administração/CESA), com o suporte em sua área.
TURISMO – Sapopema é um município de 61 anos de criação e com vocação turística, especialmente o turismo rural. A cidade é conhecida em todo o Norte do Paraná como local de trilhas e de cachoeiras.
De acordo com o secretário Eraldo Brizola, cerca de mil turistas vão à cidade toda semana atrás das belezas naturais e praticar trekking, rapel e outros esportes de aventura. Para ele, o projeto da UEL não só melhora a vida dos pequenos produtores, como enriquece o turismo aumentando o atrativo para os visitantes.
Ele explica que, inicialmente, o próprio município será o consumidor da produção de morangos, levando-os às escolas. Com a expectativa do crescimento, a ideia é ampliar a comercialização. Para isso, serão promovidos cursos de culinária e de produção de derivados da fruta. “A demanda turística existe, o clima e solo são favoráveis, e muitas famílias serão beneficiadas pela cultura do morango”, afirma Brizola.
AEN